quinta-feira, 8 de novembro de 2007



Se eu disse que eu não sou branco

Que eu sou preto, negão bem bacanaDe cabelo tererê, de ascendência africana

Será que tu ainda casa comigo

Pra ter descendentes mulatos?

Será que eu sou o perigo

Que vai te assaltar no teu quarto?

Que diferença isso faz, se é que faz diferença

E se diferença fizer, tá na cabeça de quem pensa o que pensa

Você não tá entendendo nada?

Não tá me entendendo direito?

Deposita na tua privada

Do que é feito esse teu preconceito

Sabe aquele nosso amigo?

Hoje é gay, assumido e militante

Tá morando em San Francisco

Onde é rico e importante

Porque é que você tá chocado com essa revelação?

Será que agora vai xingar de viado

Quem até ontem era o teu "amigão"?

E aquela mulher, quase bonita quase feia

Na história alguns amantes,Balzaca ainda solteira:

Será que ela consegue esse emprego?

Será que ela tem "valor"?

Com sorte ela até tem futuro

Mas será que ela descobre o amor?

Eu venho do interior, tenho sotaque nordestino

Eu moro na periferia, eu tenho cara de menino

Não uso roupa da moda, e tenho pouco dinheiro

Eu ando de cadeira de roda, ainda por cima sou maconheiro

Sou gordo e desengonçado, com a fala meio fina

Como eu tô desempregado, vendo o corpo na esquina

Sou casadão e bem careta, evangélico reacionário

Sou mendigo na sarjeta, e tenho um amigo presidiário


Postado por:João Vitor P. Simão
Autor desconhecido

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